terça-feira, 17 de novembro de 2009

Thomas Trem !

Eu e outra terapeuta regemos um grupo maravilhoso aos Sábados. Nossa ideia é criar um ambiente de ajuda mútua entre os pais, como, por exemplo, a de troca de informações entre eles a respeito de um universo que fazem parte: o autismo. Muitos dos pais com os quais trabalhamos são mexicanos que migraram para os Estados Unidos sonhando com uma vida mais digna. O sonho seria fazer algum dinheiro e retornar para casa. Mas o desejo ganha outra direção quando se dão conta que um dos filhos tem autismo. Essa realidade demora a ser decodificada pelos, primeiro, pela dificuldade de lidar com essa nova realidade, depois, por se darem conta de que há uma gama de diferentes comportamentos e necessidades por parte dos portadores do autismo. Tomados pelo primeiro impacto e contato com as novas circunstâncias esses pais se dão conta que o sonho da volta terá de ser revisto e melhor avaliado. Como atender as necessidades de um filho autista no México? Eis a questão mais frenquentemente mencionada nas consultas.

A ideia de criação do grupo veio para a socialização das inquietações que acometem esses pais e tentar sossegá-los. O que, de alguma maneira - e com sucesso – está ocorrendo entre a comunidade latina aqui em Santa Barbara, Califórnia. É muito gratificante ver como os pais crescem em conjunto, dividindo suas duvidas, angústias, êxitos e procurando compreender o autismo para, a partir desse conhecimento, se relacionar melhor com seus filhos.


Em nossos encontros, aos sábados, usamos a seguinte metodologia: escolhemos um tema que está diretamente relacionado aos interesses das crianças – e com o qual elas se sentem completamente confortáveis para interagir com os outros participantes. É importante frisar que essa interação acontece num ambiente bastante acolhedor.


Relatarei agora a experiência de um grupo que já se percebe enquanto corpo e mente. São quatro crianças com no máximo cinco anos e que possuem acomodações semelhantes. Elas estão dentro do processo terapêutico desde os três anos de idade.


Nessa sessão, realizada com o propósito de celebrar o aniversário de Thomas Trem, colocamos um anúncio na porta avisando da festa. Quando as crianças chegaram, encontraram um cartaz no corredor, com uma frase escrita em letras grandes, comentando a respeito do aniversario. A sala foi decorada de modo a propiciar o trabalho em conjunto com o objetivo de facilitar a montagem dos trilhos. No desenrolar da sessão, foi muito interessante observar os pais construindo em conjunto com os filhos todo o cenário. Vale ressaltar que muitas dessas crianças sofrem de ansiedade e que o processo de encaixe dos trilhos acomoda a emoção. Lembro, também, que qualquer situação que remeta a emoção é tudo que uma criança autista tenta evitar. Toda a sessão foi exitosa. Não houve qualquer problema de transição, cada participante se acomodou num personagem sem qualquer resistencia. Para nós terapeutas as metas foram alcançadas: interação, socialização, integração sensorial e trabalho em família. O objetivo central dessa sessão foi mostrar aos pais que se faz necessário um plano de ação para obter as metas e que esse plano pode vir acompanhado de muita alegria e satisfação.
Por: Patrícia Piacentini

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