Os pais devem facilitar as descobertas e expandi-las com os brinquedos. Eu sei que é difícil, principalmente quando nossas crianças têm ideias repetitivas e isoladas, mas a intenção é dar a essas crianças o poder da iniciação e do controle. É sempre bom lembrar que a temática não é tão importante, e sim o processo que ela irá desenvolver.
A relação entre a criança e o adulto deve ser pautada pela reciprocidade e envolver vários círculos de comunicação e conexão de idéias, que são essenciais para ajudar no desenvolvimento emocional e, futuramente, construir o cognitivo.
O importante não é construir o conhecimento e sim estabilizar uma relação interpessoal entre os pais e a criança. Para isso, é necessário que exista um clima de relaxamento e poesia no ambiente. Os brinquedos possibilitam a entrada nessa atmosfera, facilitando a aproximação com a criança.
Seguindo a liderança da criança, os pais estão validando a capacidade natural e individual dela, pois quando a criança lidera, ela está no poder validando o que melhor sabe fazer, e isso aumentará sua capacidade de lidar com suas necessidades.
Como terapeuta, procuro respeitar todos os movimentos estabelecidos pela criança e, a partir daí, criar um plano para conhecer as necessidades dela, fazê-la não apenas reconhecer essas necessidades, mas compreendê-las como metas a serem atingidas. Se a meta de um paciente é aumentar a sua capacidade de relacionar-se com as pessoas através dos olhos, procuro criar um ambiente no qual os brinquedos estejam localizados em um ângulo em que ele necessite relacionar-se com os mesmos para tê-los, entretanto, essa atuação deverá ser realizada de maneira harmônica e relaxada. Um exemplo de como essa prática pode ser executada em uma brincadeira com uma criança pode aqui ser demonstrada: eleva-se um trem junto ao olho e pergunta-se a criança, “Quer ir passear?". Como a criança autista se relaciona muito mais com o personagem do que com o adulto, não deverá haver imposição de um tempo mínimo para que a relação com o interlocutor seja estabelecida, ou seja, a relação interpessoal deve ser viabilizada sem cobrança de tempo preestabelecido.
É muito importante seguir a liderança da criança e não se preocupar com a repetição ou com questões acadêmicas, esses conhecimentos vão surgir à medida que a criança aprenda a conviver com suas necessidades e se sinta confortável com seu espaço sensorial.
Por Patrícia Piacentini
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