Não podemos mais ensinar as nossas crianças nos modelos antigos,
particularmente crianças com necessidades especiais e que tenham problemas no
processamento. Isso significa que não só vamos trabalhar relações com as
crianças, vamos também trabalhar no contexto familiar.
Os modelos de desenvolvimento validam as crianças aonde elas estão, e
compreendem que as habilidades são desafiadas por razões motoras, sensoriais e
de processamento.
Pra nós DIR, se faz
necessário uma avaliação aonde traçamos um plano de ação, dentro da necessidade
da criança, que envolva a família na interação de trazer essa criança para seu
ambiente emocional, social e cognitivo.
Muitas das crianças que vejo, na minha prática, são vitrines de planos
que elas não alcançam e que geram frustações diárias, lendo-as a déficits
emocionais, que muitas vezes vão ser responsáveis por inúmeras estereotipias e
isolamento, e quando não a “depressão”.
Outro fator importante, que devemos ressaltar no tratamento do autismo é
a importância da explicação científica do que fazemos. Para os pais é de
extrema importância esse feedback, para que eles possam dar continuidade ao
tratamento em seu ambiente familiar, estimulando de forma positiva às ações e
conquistas.
Muitas das crianças não reagem apropriadamente ao tratamento sem os
pais, que são a base emocional delas. Outras crianças vivem em seu mundo
isolado, em que os pais não chegaram ainda. Então acredito que cabe a nós
terapeutas abrir essa possibilidade de integração e participação dos pais, para
que esse mundo seja de mais troca. No meu ponto de vista, essas crianças
precisam dessa validação emocional, e temos indícios científicos que são bem
mais importantes que qualquer intervenção cognitiva. Sem a relação fica
impossível criar uma intervenção que funcione em todos os níveis de
desenvolvimento. Essas crianças precisam de apoio para desenvolver esse sinal
emocional e ligar com os sinais sociais, que são imprescindíveis para o
desenvolvimento da terapia.
No meu trabalho terapêutico procuro ligar essa prática, sem logicamente
esquecer que essas crianças também necessitam de estímulos cognitivos e
sensoriais para um completo tratamento.
E esse tratamento pode ser feito, e deve, com o apoio dos pais na
prática diária.