Num passado, não muito distante, dois modelos guiaram as intervenções
terapêuticas: o antigo modelo comportamental, que fez o melhor diante das
circunstâncias do que se sabia de desenvolvimento infantil, e o voltado para as áreas das habilidades cognitivas.
No primeiro modelo, os comportamentalistas guiaram o tratamento focalizando em comportamentos superficiais e tentando mudá-los, que era bem melhor do que ignorá-los, ou, até mesmo, reprimi-los com castigos. O segundo modelo recebeu lições das crianças mais velhas, por exemplo: se uma criança mais
velha, supostamente, estava aprendendo como identificar formas, faríamos com que uma criança de três anos, que não tinha linguagem, fizesse o mesmo trabalhando em uma
sequência repetitiva, sempre e sempre. Mais uma vez, era melhor que nada, pelo
menos estavam interagindo e encorajando a cognição da criança. Porém,
continuavam trabalhando habilidades cognitivas isoladas.
No primeiro modelo, os comportamentalistas guiaram o tratamento focalizando em comportamentos superficiais e tentando mudá-los, que era bem melhor do que ignorá-los, ou, até mesmo, reprimi-los com castigos.
Hoje em dia, nós entendemos como a mente e o cérebro funcionam, e aí
podemos fazer muito mais por nossas crianças. Nós podemos ir em todas as áreas
desses modelos e modificar a superfície do comportamento, ou trabalhar com as
habilidades isoladas. Nós podemos, agora, sistematizar o modelo de
desenvolvimento, que sintetiza e integra as melhores informações que temos de
como a mente e o cérebro desenvolvem.
Eu acredito mais na interação e na troca emocional pois, sem essa
relação, fundamental, a cognição e a linguagem não se desenvolvem, apropriadamente.
Por exemplo: A criança não aprende a dizer “olá” baseada em regras, você só diz
“olá” para pessoas que conhece. Quando a criança não se sente segura, ou, até
mesmo, quando ela sente medo, raiva, vergonha, vai se esconder atrás das pernas
da mãe ou do pai e não diz “olá”. Então, não é surpresa que crianças que se
sentem lotadas, psicologicamente, evitem esse tipo de cumprimento, ou, até mesmo, tenham
dificuldade em expressar alegria. Resumindo, até algo simples como um “olá” é
vinculado ao nosso AFFECT.
Não podemos mais ensinar as nossas crianças nos modelos antigos,
particularmente, crianças com necessidades especiais e que tenham problemas no
processamento. Isso significa que não só vamos trabalhar relações com as
crianças. Vamos, também, trabalhar no contexto familiar.
Os modelos de desenvolvimento validam as crianças aonde elas estão e
compreendem que as habilidades são desafiadas por razões motoras, sensoriais e
de processamento. Para nós da DIR, se faz
necessário uma avaliação aonde traçamos um plano de ação, dentro da necessidade
da criança, que envolva a família na interação de trazer essa criança para seu
ambiente emocional, social e cognitivo.
Muitas das crianças que vejo, na minha prática, são vitrines de planos
que elas não alcançam e que geram frustações diarias, lendo-as a déficits
emocionais, que, muitas vezes, vão ser responsáveis por inúmeras estereotipias e
isolamento, e, quando não, a “depressão”. Outro fator importante que devemos ressaltar, no tratamento do autismo, é
a importância da explicação científica do que fazemos. Para os pais, é de
extrema importância esse feedback, para que eles possam dar continuidade ao
tratamento em seu ambiente familiar, estimulando de forma positiva às ações e
conquistas.
Muitas das crianças não reagem apropriadamente ao tratamento sem os
pais, que são a base emocional delas. Outras crianças vivem em seu mundo
isolado, em que os pais não chegaram ainda. Então, acredito que cabe a nós,
terapeutas, abrir essa possibilidade de integração e participação dos pais para
que esse mundo seja de mais troca. No meu ponto de vista, essas crianças
precisam dessa validação emocional e temos indícios científicos que são bem
mais importantes que qualquer intervenção cognitiva. Sem a relação, fica
impossível criar uma intervenção que funcione em todos os níveis de
desenvolvimento. Essas crianças precisam de apoio para desenvolver esse sinal
emocional e ligar com os sinais sociais, que são imprescindíveis para o
desenvolvimento da terapia.
No meu trabalho terapêutico, procuro ligar essa prática sem, logicamente,
esquecer que essas crianças também necessitam de estímulos cognitivos e
sensoriais para um completo tratamento.
E esse tratamento pode ser feito, e deve, com o apoio dos pais na
prática diaria.
2 comentários:
Excelente, Patrícia, o afeto, a emoção vincula o sentido das palavras e das coisas. grande abraço,
Show de texto! Show de trabalho! Afeto promove significado para o desenvolvimento! Bjao, querida!
Postar um comentário